quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Repouso absoluto durante a gravidez pode fazer mal















Uma estudiosa americana da eficiência do repouso absoluto acaba de publicar um artigo sobre a real funcionalidade dessa prática para evitar partos prematuros. Ela chegou à conclusão de que não existe nenhum benefício comprovadamente verdadeiro na prática e que esse tipo de descanso em excesso, pode, inclusive, levar tanto o bebê quanto a mãe a terem problemas físicos e psicológicos.

Em uma reportagem do portal IG Delas, a ginecologista e obstetra do Centro de Fertilidade da Rede D'Or, Dra. Maria Cecília Erthal, analisa que a prática deve ser analisada individualmente por cada gestante. Segundo ela, o repouso irrestrito pode gerar um nível muito alto de ansiedade em algumas mães, o que também pode ser prejudicial ao desenvolvimento do bebê.

Repouso absoluto durante a gravidez pode fazer mal

Pesquisadora na área de enfermagem contesta a prescrição de ficar na cama, até mesmo em gestações de risco

Livia Valim, especial para o iG São Paulo

Há mais de 20 anos estudando a eficácia do repouso absoluto, Judith Maloni, professora de enfermagem da Universidade de Case Western (EUA), acaba de publicar um artigo no periódico Biological Research for Nursing sobre suas conclusões. Segundo ela, não existe evidência científica que comprove a eficácia do repouso na cama para evitar partos prematuros. E o que é pior: o descanso pode trazer problemas físicos e psicológicos para a mãe e, consequentemente, para o bebê.

Nos Estados Unidos, cerca de 1 milhão de mulheres são aconselhadas anualmente por seus obstetras a ficar na cama o dia inteiro, levantando apenas para ir ao banheiro ou tomar banho. Essa prescrição pode ter dias ou mesmo meses de duração. “A falta de eficácia do repouso deitada não seria uma grande preocupação se não houvesse efeitos adversos. No entanto, as pesquisas também não conseguem apoiar a suposição de que o repouso absoluto é seguro tanto para a mãe quanto para o bebê”, escreveu Judith.

No Brasil não existem estatísticas oficiais para o número de grávidas que ficam de repouso, mas o ginecologista e obstetra José Bento de Souza acredita que cerca de 20 a 30% recebam esta prescrição em alguma fase da gravidez. “Realmente não existe nenhum trabalho científico sério comprovando que o repouso inibe contração, sangramento ou parto prematuro. Mas se você não pedir para a paciente que está com contrações fazer repouso, ela vai mudar de médico. É um pensamento já tão arraigado na cabeça das pessoas que vão te achar louco se não houver a prescrição”, diz.

Segundo José Bento, mesmo nos casos de fertilização in vitro não há evidências de que após o procedimento seja preciso descansar para aumentar as chances de sucesso. Mas as pacientes querem ficar de repouso. “Tem um trabalho do subconsciente muito forte para as mulheres acharem que estão fazendo tudo o que podem para a gravidez ser levada adiante. Se acontece um aborto e elas não repousaram, sentem-se culpadas”. Isabel Corrêa, ginecologista e especialista em reprodução humana da Huntignton Perinatal, no Rio de Janeiro, diz que também não há razão para abandonar as atividades normais por conta própria. “Não há evidências de que isto traga benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê. Pode-se trabalhar até o último momento, sempre levando em conta as condições da mãe e do feto, que devem ser avaliadas pelo obstetra”.

Efeitos colaterais

Judith Maloni analisou diversos estudos científicos que compararam a situação de mulheres grávidas em repouso absoluto com as gestantes em suas atividades normais. Ela dividiu os males do descanso na cama entre fisiológicos e psicológicos. Dentre os fisiológicos, estão o risco de atrofia muscular, ganho de peso da mãe abaixo do esperado, pouco peso do bebê, perda óssea, trombose, fadiga, dores nas costas, mudanças na qualidade do sono, congestão nasal, refluxo, indigestão e lábios ressecados. Os danos comportamentais geralmente são sintomas de depressão, ansiedade e hostilidade.

“Para algumas mulheres, esse período sem atividade gera mais ansiedade do que se estivesse trabalhando, o que pode ser ruim”, explica a ginecologista e obstetra do Centro de Fertilidade da Rede D’Or, no Rio de Janeiro, Maria Cecília Erthal. Judith vai além e cita um estudo feito em 2003 demonstrando que até as crianças sofrem a consequência: mães que ficaram de repouso absoluto por ao menos 15 dias durante a gravidez relataram que seus filhos tiveram uma incidência significativamente maior de alergias, enjoos ao movimento e precisavam mais serem embalados para dormir do que os bebês de mães ativas.

Apesar das conclusões, o repouso absoluto para grávidas tem décadas de prescrição, por isso não é tão fácil mudar o pensamento de médicos e futuras mamães. Em alguns países, porém, há sinais de transformação. “No Canadá, por exemplo, novos guias de prática clínica publicados pela Sociedade de Obstetras e Ginecologistas declaram que o repouso deitada não é recomendado para tratar de pré-eclampsia e não existem evidências suficientes para recomendar este descanso absoluto para mulheres com problemas de hipertensão”, escreveu Judith na conclusão de seu artigo.

Acesse o site IG Delas e leia a matéria na íntegra.

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Iniciativas em prol da preservação da fertilidade em pacientes com câncer

Em setembro passado, participei do 11º Congresso Brasileiro de Psico-Oncologia e IV Encontro Internacional de Cuidados Paliativos em Oncologia como debatedora sobre um estudo de caso de uma paciente com câncer de endométrio e que não havia sido bem orientada sobre a preservação da fertilidade antes da quimioterapia.

Apesar da crescente divulgação a respeito da importância de instruir os pacientes acometidos pelo câncer em idade fértil, ainda são inúmeros os casos de pessoas que não estão suficientemente informadas sobre como se prevenir nesses casos.

O evento, que reuniu 700 pessoas entre palestrantes e congressistas das Américas, Europa e África propiciou discussões profundas, chamando a atenção para este que é um dos desafios dos profissionais que lidam com o câncer, que é das patologias mais incidentes em todo o mundo. Apesar do assunto ‘amargo’, é preciso falar a respeito, uma vez que, com os avanços da Medicina, a expectativa de vida dos pacientes aumenta a cada ano e os sonhos não precisam terminar depois de enfrentar um câncer, muito pelo contrário.

Outro curso de que participei este mês abordou o tema de forma ainda mais específica. O Simpósio Internacional de Preservação da Fertilidade, que aconteceu em São Paulo nos dias 5 e 6 de novembro - www.chedidgrieco.com.br/simposio - tratou das técnicas de congelamento de tecido ovariano. Um dos convidados mais aguardados foi a Dra. Teresa K. Woodruff, mentora do Oncofertility Consortium - www.oncofertility.northwestern.edu/about-us. A especialista é uma pessoa espetacular, que faz um trabalho igualmente espetacular.

O Oncofertility Consortium, como eles mesmos dizem, tem o objetivo de abordar as complexas questões do cuidado com a saúde e a qualidade de vida que dos pacientes jovens com câncer, cuja fertilidade pode estar ameaçada pela doença ou pelo seu tratamento. Na figura abaixo, está um das ações do Oncofertility Consortium. Vale a pena conhecer.



Dra. Maria Cecília Cardoso

Embriologista e chefe do laboratório de Reprodução Humana Assistida do Centro de Fertilidade da Rede D'Or

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Uso de laptop no colo pode reduzir qualidade dos espermatozoides














Um estudo produzido pela State University of New York acabou por comprovar que o uso de laptop no colo por homens realmente pode trazer riscos à sua fertilidade. Segundo a análise, 29 jovens que mantiveram o aparelho sobre os joelhos tiveram a temperatura de seus testículos aumentada, mesmo os que utilizaram um suporte sob o computador.

De acordo com o especialista que conduziu a pesquisa, que está divulgada em matéria do portal Folha.com, após 15 minutos usando o computador dessa maneira, os homens já passam a ter a temperatura dos escrotos acima do nível considerado seguro. A situação é preocupante porque o ideal é que os testículos fiquem alguns graus mais frios do que o resto do organismo para uma produção satisfatória de espermatozóides de modo a auxiliar sua fecundação.

Uso de laptop no colo pode reduzir qualidade dos espermatozoides

DA REUTERS, EM NOVA YORK

Usar um laptop no colo, como o nome da máquina sugere ("lap" em inglês significa "colo"), pode não fazer bem à saúde reprodutiva masculina, de acordo com um estudo.

E há pouco que se possa fazer quanto a isso, além de usar a máquina sobre uma mesa, disse Yelim Sheynkin, urologista da State University of New York em Stony Brook e coordenador do estudo publicado pela revista "Fertility and Sterility".

No estudo, termômetros foram usados para medir a temperatura dos escrotos de 29 jovens que tinham laptops apoiados sobre os joelhos. Mesmo com um suporte sob o computador, os escrotos dos participantes se superaqueciam rapidamente.

"Milhões e milhões de homens usam laptops hoje em dia, especialmente na faixa de idade mais propensa a reprodução", disse Sheynkin.

"Depois de apenas dez ou 15 minutos, a temperatura de seus escrotos já está acima do que consideramos seguro, mas eles nem percebem", acrescentou.

De acordo com a American Urological Association, quase um em cada seis casais dos Estados Unidos enfrenta problemas de concepção. Em cerca de metade dos casos isso se deve a infertilidade masculina.

Sob circunstâncias normais, a posição dos testículos fora do corpo os mantêm alguns graus mais frios que o restante do organismo, o que é necessário para produção de esperma.

Nenhum estudo havia pesquisado o efeito dos laptops sobre a fertilidade masculina, até agora, acrescentou Sheynkin. Mas pesquisas anteriores demonstraram que aquecer o escroto em mais de um grau é o bastante para danificar os espermatozoides.

Ainda que fatores gerais de saúde e estilo de vida tais como nutrição e uso de drogas possam afetar a saúde reprodutiva, jeans e cuecas apertados em geral não são considerados fator de risco, porque as pessoas se movimentam quando os usam.

Mas apoiar um laptop sobre os joelhos, no entanto, exige manter as pernas imóveis e fechadas. Depois de uma hora nessa posição, os pesquisadores constataram que a temperatura dos testículos sobe 2,5ºC.

Um suporte para o laptop mantém a máquina mais fria e impede transferência de calor à pele, mas Sheynkin alertou que isso não ajuda muito a refrigerar os testículos e pode oferecer uma falsa sensação de segurança.

Veja a matéria também no site Folha.com.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Grã-Bretanha tem boom de mães com mais de 50 anos

















No mundo todo, as mulheres têm adiado cada vez mais o sonho da maternidade em função da carreira ou de outras prioridades. Isso se deve ao fato de, hoje, elas poderem contar com recursos da medicina para garantir filhos saudáveis e uma gravidez mais madura com o passar dos anos.

Dados do Office for National Statistics refletem esta realidade. Apenas na Inglaterra e no País de Gales, no ano de 2009, 107 mulheres com mais de 50 anos tiveram bebês. O número tende a ser atribuído às clínicas de fertilidade locais, que têm sido menos rígidas com as regras para que se realize uma fertilização in vitro (FIV), que geralmente são obtidas a partir da doação de óvulos por mulheres mais jovens.

O Brasil, cada vez mais, se depara com o mesmo quadro, conforme analisa Dra. Maria Cecília Erthal, diretora do Centro de Fertilidade Rede D'Or. Confira o conteúdo completo do estudo e casos de mães que optaram por essa solução, alcançando excelentes resultados, a partir da reportagem do site O Globo.com.

Grã-Bretanha tem boom de mães com mais de 50 anos

Publicada em 05/11/2010 às 09h28m BBC

A Grã-Bretanha está vivendo um boom de mulheres que têm filhos com mais de 50 anos de idade, segundo dados do Office for National Statistics.

Em 2009, 107 mulheres com mais de meio século tiveram bebês na Inglaterra e País de Gales, um aumento de 55% em relação ao ano anterior.

A mudança é atribuída a um relaxamento nas regras adotadas por clínicas particulares que oferecem fertilização in vitro (FIV) no país, quase sempre com óvulos doados por mulheres mais jovens.

Apesar de não haver um limite legal para tratamentos de fertilidade na Grã-Bretanha, as clínicas particulares normalmente não aceitavam mulheres com mais de 50 anos por acreditar que as taxas de sucesso eram baixas.

Agora, muitos médicos dizem que essa regra era arbitrária e que é mais importante levar em consideração a saúde da mulher, a idade do marido e a segurança financeira do casal.

Juliet Le Page teve um casal de filhos concebidos com óvulos doados através de FIV. O primeiro, Rafe, hoje com quatro anos, nasceu quando ela tinha 46 e Julia, de quase dois anos, nasceu quando ela já passava dos 50.

- Eu só conheci meu marido quando já tinha mais de 40 anos e foi aí que percebi que queria ter filhos. Sei que hoje sou uma mãe muito melhor do que teria sido aos 20, quando certamente colocaria meus interesses à frente dos meus filhos - disse Le Page à BBC Brasil.

Anúncio em ônibus


Inspirada por sua experiência com os tratamentos, Le Page criou a Fertility Concerns, uma organização que oferece aconselhamento para pessoas preocupadas com sua fertilidade. Segundo ela, o número de mulheres acima dos 50 anos procurando seus serviços tem aumentado muito.

- Na maioria dos casos, o fato de elas não terem tido filhos antes não foi uma escolha, não foi proposital. Muitas dessas mulheres só encontraram o parceiro certo muito tarde, como eu. Outras estão no segundo casamento e querem ter filhos com o novo marido. Há também os casos de pessoas que passaram a vida cuidando de parentes mais velhos e só quando eles morreram puderam pensar em si mesmas.

Mulheres que têm filhos depois dos 50 anos de idade costumam ser criticadas por colocar seu desejo de ser mãe acima do bem-estar da criança, mas a britânica Linda Weeks disse ter recebido muito apoio quando apelou para anúncios em ônibus londrinos pedindo uma doadora de óvulos.

"Nós nunca seremos Mamãe e Papai a menos que uma mulher maravilhosa de 36 anos ou menos possa nos ajudar doando alguns de seus óvulos", dizia o anúncio.

"Você é a nossa única chance de felicidade."

A tática deu certo. Em 2008, Linda, então com 55 anos, e seu marido Richard comemoraram o nascimento de Katy, após 14 anos de tentativas frustradas, graças a uma doadora anônima.

Tratamento no exterior


Muitas clínicas particulares britânicas ofecerem tratamento de fertilização in vitro em parceria com instituições no exterior, principalmente para mulheres mais velhas.

Segundo Le Page, isso acontece porque há um número limitado de doadores de óvulos e sêmen na Grã-Bretanha, o que pode levar a uma espera de até dois anos para a implantação do embrião, tempo precioso demais para mulheres que estão desesperadas para engravidar.

- Fiz meu primeiro tratamento na Escócia, mas na hora de ter o segundo filho decidi ir para Barcelona, na Espanha, onde eles são referência nesse tipo de procedimento e as coisas andam muito mais rápido&apos - disse a consultora de fertilidade.

Na Grã-Bretanha, o sistema público de saúde, o NHS, oferece o FIV de graça, mas as regras variam enormemente dependendo de onde a paciente mora. A lista de espera, por exemplo, é de 4 meses e meio, em média, no Leste do país, mas pode chegar a até dois anos na região central.

Em geral, o NHS oferece três ciclos de fertilização in vitro para mulheres até os 39 anos de idade. Nos tratamentos usando óvulos doados, o limite de idade é de 45 anos, na maioria dos casos.

Para as mulheres mais velhas, a única opção pode ser recorrer ao tratamento privado.
FIV no Brasil

No Brasil, parece haver uma tendência clara no aumento da procura de tratamento de fertilidade por mulheres acima dos 38 anos, segundo médicos do setor de reprodução assistida.

As clínicas ouvidas pela BBC Brasil disseram que apesar de não haver um limite formal de idade para a realização da fertilização in vitro no país, a maioria dos estabelecimentos ainda usa os 50 anos como idade de corte.

- O critério que adotamos como regra geral é que a mulher que vai se submeter ao tratamento precisa ter saúde e condições de criar o filho até a idade de ele sair da universidade, que seria algo entre os 25 e os 30 anos - disse a dra. Maria Cecília Erthal, diretora do Centro de Fertilidade da Rede D'Or, no Rio de Janeiro.

- Cerca de 40% de nossas pacientes estão entre os 40 e os 48 anos de idade. São mulheres que priorizaram a carreira, a estabilidade financeira e a escolha do parceiro certo e deixaram para ter filhos mais tarde.

Para as pacientes mais velhas, a taxa de sucesso na realização da FIV com os próprios óvulos é muito baixa, cerca de 5%, enquanto com óvulos doados este índice pode chegar a quase 60%, dependendo da idade da doadora.

Tanto no Brasil como na Europa, muitas vezes é adotada a "doação compartilhada", em que uma mulher mais jovem que está passando por um tratamento de fertilidade doa óvulos anonimamente para uma paciente mais velha em troca de um desconto.
'Seguindo os passos da Europa'

O diretor da Clínica Mater, em São Paulo, dr. Cristiano Eduardo Busso, acredita que o número de mulheres acima dos 50 anos procurando por tratamento de fertilidade ainda não seja tão grande no Brasil porque a população do país não é tão envelhecida como a da Europa.

- Daqui a alguns anos, vamos ser colocados no mesmo dilema ético que a Grã-Bretanha está passando agora. Há um conflito de interesses que surge quando aumenta a procura de mulheres mais velhas por tratamento, porque isso representa um filão econômico - disse o dr. Busso.

- Acredito que deveria haver uma orientação geral em relação à idade máxima para mulheres interessadas em fazer o tratamento para que essa decisão tão importante não seja tomada de modo arbitrário por cada estabelecimento.

Muitos médicos que defendem o tratamento para pacientes mais velhas dizem que hoje as mulheres de 50 anos estão mais em forma que as mulheres da mesma idade de 10 ou 20 anos atrás e, por isso, estariam muito mais preparadas para levar uma gravidez até o fim de forma segura. Mas nem todos concordam.

- As mulheres mais velhas de hoje em dia não são mais saudáveis nem menos saudáveis do que elas eram 10 anos atrás. A única diferença é que hoje contamos com uma tecnologia mais avançada para realizar os procedimentos e detectar possíveis riscos para a saúde da mãe - disse o diretor da Clínica Mater.

Para mais notícias, visite o site da BBC Brasil.

Acesse o portal O Globo e veja o conteúdo completo.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Composto de plásticos, bisfenol-A pode prejudicar qualidade do esperma
















Um composto químico que já era considerado perigoso para as crianças e que pode ser transmitido através do uso de mamadeiras, podendo causar infertilidade além de outros transtornos físicos e psicológicos, também pode afetar os adultos. A prova veio de uma pesquisa realizada recentemente pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos Estados Unidos, que avaliou a exposição de 130 operários chineses a altos níveis de Bisfenol-A e concluiu que eles apresentavam contagem de esperma bem inferior à dos homens que se mantiveram livres do contato com a substância.

A interferência do composto, encontrado com frequência em objetos de resina e plástico, levanta mais uma vez a questão de sua influência na qualidade do sêmen masculino. Confira a matéria completa abaixo ou no portal Estadão.

Composto de plásticos, bisfenol-A pode prejudicar qualidade do esperma

CHICAGO - Uma pesquisa feita com 130 operários chineses expostos diariamente a altos níveis do produto químico bisfenol-A, encontrado em resinas e plásticos, e outros 88 trabalhadores livres dessa substância revelou que os primeiros apresentavam baixa contagem de esperma entre duas e quatro vezes mais que o segundo grupo.

O estudo, financiado pelo Instituto Nacional de Segurança e Saúde Ocupacional dos EUA e o primeiro a avaliar a interferência do composto na qualidade do sêmen masculino, foi publicado nesta quinta-feira, 28, na edição online da revista Fertility and Sterility.

O levantamento é o mais recente a trazer à tona os riscos que o bisfenol-A pode oferecer à saúde, e sua divulgação ocorre duas semanas após o Canadá incluir o produto em sua lista de substâncias tóxicas.

O que ainda não se sabe é se a baixa contagem de espermatozoides e outros sinais de má qualidade do sêmen se traduzem na redução da fertilidade. O autor do estudo, Dr. De-Kun Li, cientista da Divisão Permanente de Pesquisas Kaiser, em Oakland, Califórnia, sustenta que homens podem ter filhos mesmo com contagens de espermatozoides muito reduzidas.

Mas a descoberta de Li de que o bisfenol-A pode afetar o esperma é preocupante porque se relaciona com pesquisas em animais e segue a linha de seu estudo anterior com os mesmos homens, que faz uma ligação entre a exposição ao composto e problemas sexuais.

Se essa exposição pode diminuir os níveis de esperma, "isso não pode ser algo positivo'' e são necessários novos levantamentos para verificar se há outros efeitos nocivos, segundo Li.

A professora de farmacologia e toxicologia Andrea Gore, da Universidade do Texas, que não estava envolvida no estudo, chamou-o de importante, mas ainda preliminar. "O resultado, no mínimo, sugere a possibilidade de o bisfenol-A ser uma das substâncias que causam alterações no esperma'', disse. Mas Andrea acredita que evidências mais fortes são fundamentais para provar que o produto é realmente culpado.

O bisfenol-A é usado na fabricação de resinas e no endurecimento de plásticos e encontrado em garrafas de plástico rígido, embalagens de alimentos com revestimento de metal, selantes dentários e óculos. A urina da maioria dos americanos contém níveis mensuráveis do composto.

Estudos em animais relacionaram esse produto químico a problemas de reprodução e câncer, o que levou ao gasto de milhões de dólares em novas pesquisas com seres humanos.

Steven Hentges, do Conselho Americano de Química, grupo que representa a indústria, afirma que a pesquisa na China "é de pouca relevância'' para os consumidores nos EUA, que normalmente estão expostos a níveis muito baixos de bisfenol-A, o que não significaria nenhuma ameaça à saúde.

A agência de vigilância sanitária americana Food and Drug Administration (FDA) tem avaliado a segurança desse produto químico, mas se recusou a informar se seguirá o exemplo do Canadá ao declarar tóxica essa substância.

Em comunicado enviado por e-mail, a FDA disse que está trabalhando com os Institutos Nacionais de Saúde dos EUA "para avançar na compreensão científica do bisfenol-A e informar nossas decisões".

Acesse o Estadão.com.br e confira a reportagem na íntegra.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Pesquisador sugere que mulheres congelem ovários aos 20 anos


Foi notícia em muitos jornais na semana passada a afirmação de um pesquisador britânico que garante que mulheres a partir dos 20 anos devem congelar parte de seus ovários para aumentar suas chances de ter um bebê após os 30 anos. [Matéria da Folha Online]

Guardar tecido ovariano é uma proposta bastante ousada, no meu entender, para mulheres que não têm a necessidade de ser submetidas a uma cirurgia ovariana por outras razões, como câncer de ovário, por exemplo. Uma cirurgia é sempre uma atitude muito invasiva: os riscos da anestesia, a inflamação que invariavelmente ocorre, e, por conseguinte, a possibilidade de fibrose, que tem como consequência, uma perda anatômico-funcional daquela região do ovário. Fora o fato de que são poucos os cirurgiões, ginecologistas ou não, com habilidade e a atitude conservadora em relação aos ovários.

Outra visão particular em relação a este artigo é a idade proposta. Vinte anos também é uma faixa etária bastante precoce para se decidir um "seguro de fertilidade". Eu estenderia isso para os trinta. Considerando o corpo e sua fisiologia de uma forma holística. Organismo e mente provavelmente amadurecem e se preparam para a maternidade numa outra fase da vida, que não a pós-puberdade. Aos trinta, a mulher ainda guarda boa parte da sua capacidade reprodutiva ovariana, além de ter tido tempo de se definir emocionalmente e profissionalmente... ou não... e aí, sim, pensar no seu "seguro reprodutivo".

Concordo que cinco a 10 óvulos é pouco para este "seguro", no entanto, as técnicas de congelamento estão se aperfeiçoando cada vez mais e garantindo o sucesso após o descongelamento. Portanto, se duplicarmos isso, o "seguro" torna-se mais concreto. Daí a minha visão conservadora: congelar, sim! Óvulos e não tecido ovariano. Aos trinta, se a mulher não tem parceiro e uma ambição profissional que não permite filhos nos próximos anos.

E o tecido ovariano? O congelamento de fragmentos desse órgão é extremamente importante nas neoplasias, quando a mulher vai se submeter a tratamentos esterilizantes e não há tempo para estimulação dos ovários antes do tratamento ou quando inevitavelmente vai se submeter a uma cirurgia com envolvimento dos ovários.

O artigo em questão, na minha visão, é importante porque é necessário conscientizar os médicos generalistas (no caso das mulheres, os ginecologistas) a orientarem cada vez mais sobre a "doença" infertilidade. Na consulta periódica anual, deve estar na rotina das orientações preventivas o "papo" do planejamento familiar.

Dra. Maria Cecília Cardoso
Embriologista e chefe do laboratório do Centro de Fertilidade da Rede D’Or

[Veja matéria da Folha Online na íntegra]

Pesquisador sugere que mulheres congelem ovários aos 20 anos

Mulheres deveriam congelar partes de seus ovários aos 20 anos para melhorar as chances de ter um bebê quando alcançarem os 30 ou 40 anos, segundo um especialista em fertilidade. A informação foi publicada nesta quinta-feira no site do jornal britânico "The Independent".

Apesar de algumas mulheres já congelarem alguns de seus óvulos, guardar pedaços dos ovários garante milhares de óvulos a mais e uma probabilidade maior de ter um filho, de acordo com Sherman Silber. O médico foi o responsável pelo primeiro transplante total de ovário.

Outros médicos dizem que é preciso ter cautela e insistem que é preciso saber mais sobre a taxa de sucesso do procedimento.

Guardar um terço de um ovário significaria que cerca de 60.000 óvulos seriam capturados com o tecido, que poderia ser transplantado de volta quando a mulher ficar mais velha, defende Silber. Remover pedaços do tecido do ovário deixa o resto dele intacto, então a mulher pode continuar tentando conceber naturalmente se quiser, diz ele.

Silber disse que o congelamento convencional de óvulos, oferecido em clínicas, tem desvantagens. Cada coleta de óvulos consegue capturar entre 5 e 10 unidades, o que é muito pouco, segundo ele. "Talvez as mulheres estejam sendo levadas a pensar que um ciclo de congelamento de óvulos lhes dê segurança e isso não é verdade."

O congelamento do tecido do ovário é mais barato e resulta em mais óvulos guardados. "Uma mulher pode congelar o ovário aos 19 e ter um ovário de 19 anos quando tiver 40", disse ele.

Tony Rutherford, presidente da Sociedade de Fertilidade Britânica, alertou que ainda é muito cedo para recomendar a reserva generalizada de tecido do ovário.

Um representante da Autoridade de Fertilização e Embriologia Humana na Inglaterra disse: "Esse procedimento é relativamente novo e ainda está em desenvolvimento".

Acesse o link: http://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/821682-pesquisador-sugere-que-mulheres-congelem-ovarios-aos-20-anos.shtml