segunda-feira, 18 de julho de 2011

Remédio para calvície e fertilidade masculina – mito ou verdade?



Remédio para calvície e fertilidade masculina – mito ou verdade?

A análise do sêmen é uma das ferramentas mais importantes para direcionar o médico no tratamento da infertilidade. Fazê-la bem depende tanto da capacidade técnica do profissional, quanto de sua experiência e conhecimentos acumulados. Foi o que aconteceu com o Dr. Sidney Glina, que, ao indagar pacientes sobre o possível uso de medicamentos, brilhantemente associou o resultado do exame seminal com o uso de finasterida.

Muito interessante a matéria publicada no site Prontuário de Notícias, que não só explica como age a finasterida no organismo masculino, podendo diminuir sua fertilidade, como traz uma entrevista muito interessante com o Dr Sidney Glina Foi o primeiro pesquisador no mundo a fazer a associação entre o medicamento e a infertilidade. Confira o texto completo no link - http://www.prontuariodenoticias.com.br/noticias.asp?txtBusca=finasterida&secao=EN&id=12063, ou abaixo.

Nossa experiência no Vida em relação ao uso do composto finasterida indica o mesmo padrão encontrado na literatura médica. Acompanhamos há pouco tempo o caso de um paciente, que após realizar análise seminal, relatou fazer uso de tônico capilar à base de finasterida. Com o devido acompanhamento do especialista em fertilidade, a medicação foi suspensa e o exame repetido meses à frente. O primeiro exame demonstrava alterações relevantes tanto qualitativas quanto quantitativas do sêmen, já no segundo diagnóstico, meses após a interrupção da finasterida, a amostra apresentou-se normal segundo todos os parâmetros.

Assim, ficou claro que o acompanhamento médico e interdisciplinar do caso foi fundamental para o êxito no tratamento.

Caio Werneck
Biomédico do Vida – Centro de Fertilidade da Rede D’Or


Infertilidade masculina causada por remédio para calvície é reversível?

Fonte : Jornalismo - Prontuário de Notícias

O remédio chama-se finasterida. A descoberta da sua ação contra a calvície foi por acaso. Ao usar no tratamento de hiperplasia benigna da próstata (HBP), os médicos notaram um efeito colateral nos pacientes que tomavam o medicamento: evitava a queda de cabelos.

A finasterida inibe a ação da enzima que transforma a testosterona em diidrotestosterona, que é o hormônio masculino ativo. Com esse bloqueio, a testosterona age menos no organismo, inibindo o crescimento da próstata. Daí ser usada no tratamento da HBP, a doença mais comum dessa glândula masculina. Mas combate também a perda de cabelos em homens.

Em 2005, porém, o urologista Sidney Glina observou que esse medicamento poderia levar à infertilidade. Foi o primeiro pesquisador no mundo a fazer essa associação, encarada, na época, com ceticismo pelos colegas. Mas, aos poucos, outros estudos foram lhe dando razão. O mais recente foi publicado pela revista Fertility and Sterility, publicação da Associação Americana de Medicina de Reprodutiva.

O doutor Glina falou sobre o assunto, já que a finasterida é o remédio mais usado para prevenir e tratar a calvície androgenética, ou masculina. Ex-presidente das sociedades Internacional de Pesquisa de Disfunção Erétil e Brasileira de Urologia, Sidney Glina é professor livre-docente de Urologia da Faculdade de Medicina do ABC e chefe da Clínica Urológica do Hospital Ipiranga, em São Paulo.

Nas farmácias, há uma quantidade imensa de medicamentos à base de finastertida [Propecia, Pracap, Pro Hair, Finastec, Finasterida Euro, Merck, Medley, Eurofarma, Legrand, Calvin, Biosintética, Neo-Química, Sanval]. Todo homem que usa finasterida pode ter infertilidade?

Sidney Glina - Não. Existem trabalhos que mostram que homens que tomaram 1mg por dia finasterida por dia [é a dosagem recomendada para tratar a calvície] durante pelo menos seis meses, não apresentaram alteração do espermograma. Entretanto, há vários relatos de homens que apresentaram alterações significativas do espermograma enquanto tomavam a droga nessa dosagem. Esses homens têm outras causas de infertilidade, como, por exemplo, a varicocele (varizes dentro do escroto). A finasterida amplifica a varicocele.

O senhor foi o primeiro pesquisador no mundo a relacionar a finasterida à infertilidade masculina. Como descobriu isso?

Sidney Glina - Há alguns anos comecei a ver pacientes que apresentavam infertilidade e estavam tomando finasterida. Como sempre houve suspeita de que a finasterida pudesse ter essa ação, eu optei junto com os pacientes por suspender a medicação para ver se a alteração encontrada no espermograma era revertida. E isso ocorreu. Daí ter estabelecido o nexo. Em 2004, publiquei trabalho científico mostrando tal evidência.

De lá para cá, outros trabalhos também mostraram esse efeito. Recentemente, uma revista internacional importante apontou o mesmo resultado.

Sidney Glina - Existem mais seis trabalhos que relatam casos semelhantes aos que descrevemos em 2004. Este ano, a Fertility and Sterility, publicada pela Associação Americana de Medicina de Reprodutiva, apresentou mais um caso.

Afinal, como a finasterida pode interferir na fertiliddade masculina?

Sidney Glina - A finasterida inibe uma enzima chamada 5-alfa redutase que bloqueia a transformação da testosterona em diidrotestosterona, que é o hormônio masculino ativo. Isso diminui a queda de cabelo de alguns pacientes. E também o crescimento da próstata quando tomada na dose de 5 mg. Entretanto, a diidrotestosterona tem ação no testículo. A diminuição da concentração de diidrotestosterona no organismo leva à alteração na produção de espermatozóides em testículos que já estejam sofrendo algum tipo de problema.

Quais?

Sidney Glina - Parece que a associação de finasterida com varicocele altera a produção de espermatozóides. Também a associação de finasterida com obesidade.

Essa infertilidade é permanente?

Sidney Glina - Não. Uma vez interrompido o uso da finasterida, há reversão da infertilidade após cerca de três meses.

Qual a sua recomendação para homens com dificuldade de engravidar as suas parceiras e usam finasterida?

Sidney Glina - A primeira atitude é procurar um urologista e fazer um espermograma. Caso o exame venha alterado, a conduta é a suspensão da finasterida antes de tomar qualquer outra medida.

Na época em que publicou o seu estudo, lembro que alguns colegas seus questionaram o resultado. Como é que se sente hoje, quando cada vez mais as evidências mostram que estava correto?

Sidney Glina - Acho que isso faz parte da nossa vida. A única coisa relevante é que, lá atrás, em 2004, a Fertility and Sterility recusou a publicação do meu trabalho. E agora publicou outros dois citando o meu como pioneiro.

Veja a matéria no portal Prontuário de Notícias.

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